Conversa com Luisa Puterman

Quando começou a sua produção artística?
Sou musicista primeiramente. Comecei a tocar com 3 anos. Estudei música a minha vida inteira, diversos instrumentos, mas não levava isso tão a sério, por isso fui fazer a graduação em História da Arte. Foi lá, no meio do curso, que conheci o trabalho do John Cage e então comecei a ter algumas ideias, e passei a levar a sério isso.

 

E sobre a sua produção atual?
Eu trabalho principalmente com som, e adoro colaborar. Trabalho muito com coreógrafos, fazendo som para dança, e também com roteiristas, compondo sons para vídeo e teatro. Toco muito também, produzo música experimental e faço sound design para publicidade. Já fiz algumas intervenções sonoras, mas na verdade essa é a minha primeira instalação.

 

Como foi a concepção do trabalho que está no Instituto?
Originalmente submeti um projeto em que a proposta era explorar os sons da própria exposição, porém logo depois que passei no edital isso mudou. Estava no Vale do Jequitinhonha, numa residência, quando me veio a ideia da obra, que seria uma espécie de arquitetura da destruição a partir da explosão do instituto.

 Quando comecei a pesquisar para realização do trabalho, percebi que já colecionava um interesse nesse assunto, como uma vez que troquei uma ideia com um bombeiro. E conversando com os jurados isso foi evoluindo. É engraçado como depois que você está imersa em uma pesquisa, o assunto começa a te perseguir. Por exemplo, fui ao Consulado Americano e houve uma simulação de catástrofe enquanto estava lá. Depois no hospital ao lado da minha casa houve também uma simulação, recebemos um aviso no elevador do prédio.

Realizei uma pesquisa grande, estudando o quanto uma simulação pode prever comportamentos reais, o quanto uma simulação sonora de um tsunami ou um furacão poderia ajudar em um procedimento de evacuação, por exemplo.

Já para a execução do trabalho utilizei diversas fontes sonoras, como sons que gravei na própria instituição ou a voz da minha mãe pedindo para os visitantes saírem pelas saídas de emergência. Há ainda colagem de sons advindos de cenas de filmes, do youtube, entre outros.